Mariano Cohn põe pimenta na correção política — C7nema.net

Apesar da chuva fria que conferia um tom portenho à paisagem de Copacabana, Mariano Cohn deixou-se contagiar pelo espírito descontraído dos cariocas durante a conversa com o C7nema, onde revelou o segredo do sucesso das obras que realiza em dupla com Gastón Duprat. A dupla assina o atual fenómeno comercial da Argentina: Homo Argentum (2024), comédia que já contabilizou mais de 1.080.000 bilhetes vendidos nas suas duas primeiras semanas em exibição, num país governado por Javier Milei.

“Neste momento de muita correção política nas artes, tentamos adicionar um toque de acidez ao que filmamos. Há sempre um sabor picante nas histórias”, disse Cohn, no café do hotel Fairmont, de onde se avista a orla mais bonita do Rio de Janeiro a partir de uma panorâmica de 360 graus sobre o mar e a areia.

Há uma sessão de gala de Homo Argentum esta noite, às 19h30, no Cine Odeon. O filme volta a ser exibido no sábado, às 16h00, no Cinesystem Belas Artes, e no domingo, às 15h45, no Reserva Cultural. Uma última projeção está marcada para as 16h30 de 15 de outubro, no Estação NET Botafogo.

“Temos o diretor de fotografia Leo Resende Ferreira connosco. Quando o conheci, noutro projeto, ele filmava com a câmara na mão. No cinema, filmar assim é como saber tocar bem um instrumento musical — requer domínio e sensibilidade. Por isso, convidámo-lo”, contou Cohn, consagrado ao lado de Duprat após o êxito global de O Cidadão Ilustre (2016), distinguido em Veneza.

Guillermo Francella, astro de O Clã (2015) e da série de sucesso Meu Querido Zelador (2022-2024), volta a brilhar ao dividir-se entre 16 personagens num mosaico de retratos da vida argentina. As histórias são independentes, mas interligam-se por uma estética que já levou os realizadores a trabalharem com Penélope Cruz e Antonio Banderas em Competencia Oficial (2021).

“Escrevemos 40 argumentos e escolhemos 16, filmados como se fossem 16 películas distintas, mas sempre destacando a força do ator por trás de cada uma. Os diálogos refletem fragmentos da Argentina. O nosso desafio era perceber como esses segmentos se conectavam entre si”, explicou Cohn. “Esse tipo de construção exige ter sempre um bom início e um bom desfecho para cada parte.”

O Festival do Rio encerra neste domingo.